quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Olhos de cigana oblíqua e dissimulada."

"(...) 


- Você jura?

- Juro. Deixe ver os olhos, Capitu.

Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada."
Eu não sabia o que era obliqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim.

Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...

Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram.
Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova.
Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.

Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.
Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve.
A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos bem-aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos; assim também a quantidade das delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos condenados do inferno.
Este outro suplício escapou ao divino Dane; mas eu não estou aqui para emendar poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente aos cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe,- para dizer alguma cousa,- que era capaz de os pentear, se quisesse.

- Você?

- Eu mesmo.

- Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim.

- Se embaraçar, você desembaraça depois.

- Vamos ver.

(...)"

"Dom Casmurro" - Machado de Assis 

domingo, 26 de junho de 2011

Ele me amou desde quando eu estava na barriga de minha mãe. Mesmo, não acreditando ser meu pai. Ele me amou, ele pegou-me no colo olhou em meus olhinhos miúdos, e apresentou-me ao mundo como Caroline. Deu o nome, por que o achava lindo! Dizia ser nome de princesa, assim como eu era pra ele. Meus olhos cinzas se tornaram azuis.. e depois de algum tempo verdes.. mas acabaram ficando da cor do mel de uma abelha. Ele me amou, mesmo quando eu fazia xixi na roupa por ter alergia a fraldas plásticas.. ele me amou com cólicas e um choro chato no meio da noite, ele me amou mesmo com toda aquela dor na barriga, e com toda a minha fragilidade. Andava comigo pelas ruas para fazer-me adormecer, dava-me banho enquanto mamãe trabalhava. Ele me ensinou a andar, segurou minhas mãos para que eu não caísse, penteava meus longos cabelos loiros quando já tinha meus nove anos, cuidava de mim como se fosse dele mesmo. Levava-me pra passear em parques para que eu convivesse com a natureza, que já havia sido destruída pelos homens. Quando virei ‘moça’ ele me deu rosas vermelhas e me chamou desde então de mulher, me levava em festas e fazia minhas vontades adolescentes. Ele foi o PAI. Ele velou-me durante noites doentes, cuidou de minhas notas, e obrigava-me a tirar notas boas, ele brigava por eu não usar vestidos durante a missa aos domingos.. Tudo isso até que .. O senhor de seus 50 anos, não voltou mais pra casa, ficou lá mesmo na onde em que todo dia de finados íamos por flores pra vovó e para meu padrinho. Ficou lá guardado aos céus, ficou com todo aquele seu sorriso maroto, tua voz imponente e seus passos que eu sobia quando criança e andar.. E eu?! Fiquei no mesmo lugar que me deixaste, eu morri naquele dia, eu nunca mais consegui ser a filha que o senhor tivera moldado para o mundo. Decepciono-te a cada coisa ruim que eu faço. Não consigo ter a mesma ‘cor de antes’ por que naquele dia 26.. eu feneci.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Estou assustada com tanta tristeza e desanimo de viver. Minha mãe me odeia só pode para nem se importar comigo assim, sem ao menos me desejar um bom dia como meu pai fazia. Penso que ela poderia ter me abortado, ou me dado ra alguém cuidar, talvez assim, nem eu nem ela teríamos tantas magoas. Eu quero fugir daqui, do mundo, de toda essa tempestade.

terça-feira, 21 de junho de 2011

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Estou triste, não aguento mais. Sentir nada, sentir fracasso, sentir tudo. É o mesmo sentimento sempre: IMPOTÊNCIA, uma não vontade de viver de correr e morrer na próxima esquina. Nenhuma palavra ajuda, nenhuma palavra conforta, você só quer... morrer. As palavras que antes eram sutis, agora não fazem efeito, é a mesma mesmice e procrastinação de sempre. O frio me ronda entra em minhas narinas, escorre por meus olhos e me faz enrubescer de tristeza, da vontade de ficar estagnada com todas as minhas náuseas, minhas dores mentirosas, minhas doenças enganadoras, e minha velha vontade de sangrar até morrer. É estranho querer que algo assim aconteça, mas é o que eu sinto a força já não existe a mesma menina de antes não existe. Deu vazão a alguém podre, imundo, sem vida, com pensamentos hipócritas, burra e estagnada no tempo. Com saudades ah saudades, que em fazem sentir vontade de chorar o tempo todo, culpo meu pai por todos meus problemas, mas ele nem ao menos aqui está pra ser culpado de algo, eu só o queria de volta nem que seja pra que eu reclamasse da vida, ou que ele brigasse comigo, eu só o queria aqui, ao menos eu não estaria sozinha no quarto muda, me culpado por dores que eu nem mesmo consigo estacar.

sábado, 11 de junho de 2011

Você ...

__ Oi, tudo bem?
__ Tudo...
__ Qual teu nome?
__ Caroline...
__ Te achei legal...
__ Eu também lhe achei, passa teu msn?
__ Sim, claro.

Foi assim, virtualmente..conheci você. Apaixonei-me por você como nunca tivera me apaixonado por alguém. Fiz planos, desejei mais que tudo estar ao teu lado. Acordar de manhã e ver você, não deixar você escapar nunca. Mas a distância veio, assombrou-me levou-me de você, na verdade levou-me você. Fiquei angustiada, com tanto amor dentro de mim e esvaindo-se. Não era meu nome que estava no teu coração, não era a minha voz, e meu sorriso que estava na tua mente. Magoei-me, como todas as vezes que ousei amar. Frustrei-me, por essa distância em comum tenha me separado de ti. Logo eu que trocaria todos os amores que tive por apenas olhar nos teus lindos olhos, que me fez sorrir muitas vezes, mas ainda me fez derramar algumas lágrimas. Eu deixaria tudo para poder estar com você, mas a distância.. ah a distância que veio quebrou laços que podem ter sido feitos virtualmente, mas que a cada dia entrava no meu coração, e fazia com que eu me sentisse plena, preenchida de amor, eu detinha a atenção de alguém... Você me fez bem. Faz-me ainda, até me fazer sentir segunda opção, ou até mesmo me fazer sentir a pior pessoa do mundo, por não poder suprir a falta que tu tem de alguém.  Enfim, quando te dei ‘oi’ naquela tarde não saberia que um dia iria te amar tanto assim, que tu ia tomar conta de todo o meu coração.. Fazendo inclusive que eu esquecesse todos os meus problemas mundanos. Mas o que dói é que não mandamos no nosso coração, e também não podemos mandar no coração de alguém.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A velha senta no banco. A mulher roda a catraca e salta suas deveras sacolas. As crianças e jovens ao voltar da escola com suas mochilas e gritos passam pela catraca. Há aqueles que ficam na frente esperando para passar pela..catraca. Uns cochicham sobre o trabalho que anda um fardo, outros sobre o  que iram fazer no final de semana. Uns ouvem música com fone de ouvido, outros chegam com auto-falantes ligados assustando quem não gosta da música. Vozes baixas, vozes altas vozes..murmuros. A criança que chora com fome e com frio, a mãe que olha para ela e a manda calar. São pessoas sorrido alto ou gritando para disfarçar a dor que talvez sintam. São olhos amargurados, sorrisos falsos e felicidade com 'sacolas'. São sacolas de loja, de supermercado, de peças automobilísticas, não importa, são muitas sacolas. A mulher mais rechonchuda que não passa na catraca, teu rosto se estremesse em fúria e tristeza. São pessoas, animais bichos pensantes, bichos hipócritas bichos humanos..bichos que sentem que falam e que grunhem. São pessoas andando de transporte coletivo, são pessoas vivendo suas vidas.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tô naqueles dias, que o pessimismo paira sobre as costas. O tempo se esvai bem rápido e sinto que meu coração desacelera a quase parar. Estou insatisfeita, estou estranha não aguento essa vida dualistica.Quero prazeres quero flores, quero amores, quero viver, não essa 'pasmaceira' em que estou.